....Havia um excêntrico colecionador de vinhos, que morava em uma pequena chácara no interior do Rio Grande do Sul. Sua casa era grande e arejada. Esse fazendeiro era dono de uma grande vinícula que importava e exportava vinhos de todas as espécies.
Em sua fazenda que era localizada a 5km de sua chácara, havia a grande vinícula a qual atraía gente de todas as partes do mundo. Vinham muitos europeus e sempre o presenteavam com vinhos. O fazendeiro possuia em sua casa da chácara um porão onde mantinha a adega só para vinhos raros. Vinhos envelhecidos que poderiam passar de valores exuberantes de 100 mil reais a garrafa. O fazendeiro cuidava dessa adega como se fosse o cofre dos tesouros.
Certo dia, chegou em sua casa uma mulher alta, morena de traços latinos. Falava com um sotaque acentuado, cujo o fazendeiro fingia que não compreendia uma só palavra. Mas, a bela morena compreendia bem tudo o que o fazendeiro falava. A morena chegou de manso pedindo trabalho... O fazendeiro fingindo que não compreendia repetia irritantemente o que a mulher falava... O quê?? Trabajo... o que é isso? De tanto insistir, a bela morena acabou vencendo-o pelo cansaço, conseguindo o tão desejado trabalho. Começou como ajudante de faxina e foi infiltrando-se de modo que em 6 meses já estava trabalhando como cozinheira.
Certo dia, chega o fazendeiro com um saquinho de sagu e pede para que a bela morena latina preparasse para ele. Assim que viu aquelas bolinhas brancas no pacote, ficou intrigada com o que aquilo poderia ser. Correu atrás do fazendeiro e com palavras atropeladas, agora mais compreensiveis com o portugues, perguntava ansiosa sobre o sagu.. - O que es isso? Donde vens? Es un tipo de semente? O fazendeiro astuto e com uma vontade louca de rir um pouco. Percebeu que a mulher nunca tinha visto sagu na vida, foi logo inventando uma história: Maria, você não conhece sagu? Maria responde: - NO! NO conosco isto. O que es? E o fazendeiro aproveitando-se da inocencia da pobre mulher diz...Então Maria. Isto é uma sementinha que a gente pode plantar e depois de um bom tempo cresce umas bolas verdes que vc estoura e caem para serem semeadas novamente e é nessa hora que se colhe o sagu para comer. É uma exótica e deliciosa comida servida cozida com vinho, pode-se por cravo para dar um sabor diferenciado. Mas, é muito raro de se conseguir pois só se colhe a cada 4 anos. Tenho 10 alqueires de pé de sagu plantados na minha fazenda e não deixo ninguem chegar perto, pois é uma iguaria muito rara e cara.
A latina ficou encantada com a história e pediu para a auxiliar de cozinha que era brasileira ajudá-la no preparo da iguaria. A auxiliar pegou uma garrafa de vinho que estava na estante e preparou o sagu. Maria experimentou e se encantou com o sabor do sagu. Pegou um punhadinho que havia sobrado no pacote com a intenção de plantá-las. Maria dormiu com o pensamento voltado nas sementinhas de sagu, não via a hora em que amanhecesse para que ela pudesse preparar a terra e plantar suas sementinhas. Imaginava que se a plantinha prosperasse, poderia investir na plantação e ganhar muito dinheiro no seu país. Maria pensava longe, tinha uma cabeça voltada para o lucro. Sonhava em enriquecer.
Amanheceu e Maria ansiosa e animada, correu para o quintal preparar a pequena horta de sagu, o fazendeiro que estava na varanda do seu quarto, percebeu que Maria plantava alguma coisa, foi até ela e perguntou: - Mas bah guria! O que fazes ai tão cedo?? Maria olhou com olhos brilhantes para o fazendeiro e disse: Estoy plantando las sementes de sagu, porque me gusta la ideia de prosperar futuramente en la mia ciudad. O fazendeiro astuto como era, não queria perder a piada, a incentivou. - Isso plante, e não esqueça que o segredo dessa semente, é rega-la diariamente, e o principal é conversar com ela e se possível até cantar.. Maria, como uma boa e gananciosa latina, regava a semente de sagu diariamente, conversava e cantava para elas.
Passado 5 meses do plantio, Maria já cansada e irritada de regar e conversar e cantar para as sementes de sagu e nada delas germinarem, recorreu à sua companheira de cozinha, perguntando. - Mas, Elaine, o que estoy hacendo de errado, rego e canto para las plantitas todos los dias e mismo asi ellas não estão brotando.
A segunda cozinheira, percebendo a sacanagem do patrão, contou-lhe a verdade: - Maria, sagu não é uma semente e nem dá em árvore. sagu é um tipo de derivado de tubérculo, industrializado. Maria, desolada ao perceber que o patrão se divertia às suas custas, planejou de cara uma pequena vingança. Resolveu preparar um sagu de verdade para o patrão.
Na hora do almoço, o patrão chega da sua fazenda contando vantagens sobre o tanto que a safra tinha lhe rendido naquele ano. Almoça e pede a sobremesa. Maria rapidamente, tras a travessa de sagu, suculento e brilhante e diz: Patrão este sagu yo preparei com todo el carino del mundo para el Sr, foi colhido da minha horta. O patrão olhou desconfiado para aquela travessa mas, por ora não vira nada de errado com o sagu. Serviu-se e levou á boca a primeira colherada... ... - Mas BAH GURIA! que sagu tribom! Repetiu 4 vezes aquele potinho de sagu que ele nunca havia degustado antes. Mas, BAH! O que tu puseste neste sagu? Maria respondeu...- É a mesma receita de sempre patrão, só que como faltou vinho da sua vinícula eu tomei a liberdade de pegar uma garrafa da sua adega! O fazendeiro estalou os olhos na mesma hora, empalideceu e perguntou com voz trêmula. - Mas, BAH! Qual garrafa tu pegaste? Maria com vontade de rir, mas com semblante sério e fazendo de conta que não entendia de vinhos. Disse: - Ha patrão, aquele que estava na prateleira isolada com uma etiqueta embaixo dizendo 100 anos, já que era tão velho, tava passando do prazo.. Nesse mesmo instante o velho fazendeiro virou os olhos e caiu duro no chão. Era o bom e velho vinho de 100 anos que custava a bagatela de 100 mil reais, cozido com
sagu.
Sou Poeta.
