. Reciclagem

. Solfejos e acordes dissonantes nas manhãs cinzas. O meu discurso se perde nas entrelinhas quando descubro aos poucos que meus dias de solidão estão contados. Minha solidão so tem significado para aqueles que de mim se distanciam e sentem-se de alguma forma incomodados. O que tenho reservado, vale mais do que uma companhia de afers egocêntricos. Meu dia a dia é mais iluminado. Olho para o sol e a sombra se sente intimidada. Ainda tento fugir de mim aos domingos. Ainda lembro de dissabores. Mas, minha vida se propaga em uma energia de paz. Ainda percorro caminhos ocultos da alma e temo defrontar com velhos fantasmas, mesmo tendo uma leveza na alma de que suas armas viscosas perderam força. Mesmo me sentando e conscientemente relatando aquelas misérias construídas e desvendando o que as verdades inventadas me fizeram acreditar. Ganhei força com o tempo. E com a forma de observar atentamente cada detalhe de tudo que se processa. O ciclo da vida é ativo. E nossos vínculos não se desfazem facilmente. A distância é apenas momentanea, mas ganho tempo enquanto o ciclo se recicla. Ganho tempo para fortalecer minha alma e enfrentar minhas misérias passadas que retornarão. Olharei de frente para aquela velha alma companheira e tirarei dali as lições para as próximas etapas. Farei com que os fantasmas tornem-se apenas um velho conto enquanto minha alma renovada passeia livremente entre os jardins de rosas.