. Primavera.

...Sim, foi naquela tarde ensolarada de setembro, quando o inverno já se despedia de mansinho, mas o vento um pouco frio ainda marcava sua presença. Caminhando pela areia molhada daquela praia deserta, refletindo sobre tudo o que viria e tudo o que já foi. A solidão era sua válvula de escape. Isolava-se, tentando fugir da angústia da liberdade que a cercava. Sim a liberdade a fazia pensar, que quanto mais livre, mais escolhas teria. E essas escolhas determinariam seu destino. Achava que o excesso de liberdade de escolha, poderia jogá-la nas garras de um momento de loucura. Sua força vinha, então, da solidão. Mesmo quando o que mais queria era fugir de si mesma, sabia que a resposta para toda e qualquer questão sobre sua vida, estava em seu âmago. Refletia muito sobre o amor, paixão e apego. Definia suas classes. Jogava com sua razão. Desejava por demais amar, mas seu ego não deixava. E sua razão gritava tão alto a ponto de ensurdecê-la. Amar era irracional, Paixão era o maior risco que se poderia correr. Seu ego não a liberava para amar. Se contradizia no conceito de liberdade, pois tinha a liberdade de amar e apaixonar-se, mas ao mesmo tempo Amar significava caminhar na beira do abismo. Cada passo era uma sentença concebida, sobre amar. -OH DEUS! SABES O QUANTO DESEJO UMA PAIXÃO... e ao mesmo tempo que pedia, ouvia no fundo uma resposta dizendo... AMAR É SOFRER...Deixe o amor para quem dele compadece. Era sua razão, intrometendo-se. O que ela não sabia é que já amava. Seu coração já estava tomado por amor. Sua alma já estava instigando paixão. Ela apenas NEGAVA o óbvio. Já sofria e já perdia um bom tempo da sua vida questionando as razões do coração, as quais até ele desconhecia.