Formigas Diabéticas

. Mendigamos atenção toda uma vida e um dia acabamos por morrer de inanição. Nossa carência nos consome, mas somos demasiadamente orgulhosos para admitir o quanto necessitamos de um amor proibido. Leio nos olhos sem ao menos vê-los, uma necessidade imensurável de estar perto e aconchegar-se. Mas aquilo que nos afasta do melhor é o que ocultamos. O grande vilão de todos os afetos frustrados é o medo de ser feliz. Ganhar e perder. Sofrer por aquilo que não se tem, é muito mais fácil do que correr atrás do que se deixou escorregar pelo vão dos dedos. Ah! Maldita moralidade, uma falsa consciência do senso do que é certo. Um repressora que se esconde por trás de falsos manifestos raivosos. Uma artesã na arte de censurar tudo o que é de mais promissor. Uma castradora de sonhos e desejos. Há, moralidade. Aquela que você jura morar no teu íntimo, mas esquece dela quando a necessidade de extrapolar fala mais alto. E nos resta apenas apontar para o outro e julgá-los, quando têm o pleno direito de felicidade implicados ou não nos registros de certezas do que realmente é correto. Onde impera a verdade quando o EGO grita mais alto? Minha dor é sempre mais importante. Minha raiva pode ser manifestada. Mas a tua felicidade não é mérito. A tua felicidade é uma tentativa de maltratar meus sentimentos. Minha verdade é acima de tudo e o que você sente é um manifesto de provocação. Eu quero um caminho suave, já me basta as pedras que tropeço. Quanto mais as que a mim são atiradas esquecendo das consequências. Quero uma vida limpa e esquecer que um dia sofri por alguem que nunca mereceu.