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novembro 06, 2008

A colecionadora de línguas

God morgen Sir, er ?...Era quase uma obsessão, mas Renata adorava estudar línguas, fazia parte da sua vida, da sua história....era um colecionadora de línguas....adorava pesquisar línguas latinas, anglo-saxônicas, `línguas mortas, inventadas, hieróglifos, até criar línguas ela criava, qualquer simbologia onde poderia haver comunicação, lá estava ela com sua curiosidade...anotava, gravava...colecionava línguas. Trancava-se em seu quarto e em seu 'mundo' para estudar todas as façanhas da linguagem. Καλημέρα κύριε, είναι , Hyvää huomenta Herra, on , שלום אדוני, מה שלומך, こんにちは卿はいかがですか? E todas as línguas, das mais conhecidas às mais bizarras, ela pesquisava com sua paciência....
A obsessão que Renatatinha por línguas, não era de graça, fora uma criança reprimida e uma adolescente completamente voltada a seu mundo. Praticamente uma espécie de autismo voluntário. Sentia-se indiferente ao mundo, e isolada mesmo que rodeada de pessoas, nada a trazia para a realidade. Sua vontade de comunicar-se era grande, mas havia muita hostilidade no mundo em que vivia. Precisava achar novas formas de vida, outras mentalidades. Essa era a sua realidade. A rejeição seria sua aliada, na busca do aprendizado. Era mais de 25 línguas ja estudadas e que conseguia comunicação. Ainda mais com a internet, bendita internet para quem não contacta o mundo real. O virtual é a salvação. Renata trancava-se em seu 'mundo virtual' e comunicava-se com todo tipo de gente. Aprendeu muito, aprendeu que indiferente de língua e país, todo mundo sofre hostilidades, ora por ser feio, ora por ser negro, ora por ser pobre, ora apenas por que tem que sofrer...e Renata não se sentia tão só. Comunicar-se virou um grande aprendizado. Onde ela morava, no fim do Brasil, onde tudo era tão precário, e ela com tamanha sede de conhecimento, faltava elementos para saciá-la. E atormentada, buscou a linguagem, a comunicação, interagir com o mundo que ela tanto ansiava....Mesmo assim, sentia sua alma pobre de conhecimentos, precisava aprender mais e mais e mais e fora isolando-se cada vez mais do mundo à sua volta...em casa apenas fazia as coisas básicas, sua família a achava estranha e a isolava, nem se falavam, a menina mal comia e quase nunca encontrava alguém em casa. Não se comunicava. E, com um esforço anormal e muito prazeroso, comunicava-se com o mundo, em árabe, hebraico, esperanto, japonês, chinês, russo, aramaico...a coleção de línguas ia se ampliando e deixava para trás sua língua nativa, o português....Renata estava tão fortemente ligada a outros idiomas e país e cultura que, como se fosse uma defesa, esquecia aos poucos o próprio idioma...como nunca se comunicava com ninguém, raramente saía de casa, não percebera o quanto debilitava seu idioma nativo. Nem ao menos percebera que já pensava em outros idiomas. Estaria Renata sendo castigada por sua obsessão?
Na manha de segunda- feira, Renata acordara animada, adorava segundas-feiras, eram cheias de vida. Sentia algo diferente no ar, resolvera dar uma volta no pequeno mercado, estava com vontade de comer algo diferente naquela manhã. Aos poucos fora percebendo que estava um pouco confuso, a linguagem não fluia. Já não entendia o que as pessoas falavam...sentiu-se como se estivesse em um país estrangeiro o qual não conhecia o idioma. A confusão era grande e o pânico começou a tomar conta por inteiro. Já não entendia mais nada de português, não achava palavras para falar...saía russo, grego, latim, norueguês, finladês, sueco..e nada de português....
Renata, já desesperada entrou no mercado para ver se conseguia ao menos ler algo...sim conseguia, porque sabia latim e a origem das palavras, fora reinventando tudo, mas como um bloqueio, a linguagem não fluía.... e Renata num gesto de desespero por sentir-se estrangeira em sua própria cidade de fim de mundo pegou o primeiro frasco de perfume que encontrou, aquele mais barato que tinha e bebeu tudo, em um único gole. Embriaga e enjoada, entrou em coma alcóolica e nunca mais se recuperou...permanece em um constante estado de embriaguês....

2 comentários:

Ghost-writer disse...

bebi perfume e escrevi isto haha

Chiquita Bacana disse...

e agora? e quando eu quiser conversar com a Renatinha? terá de ser em outra língua...

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Um dia irritante de Tão BELO...

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A vida é uma festa...

Formiga Lispector

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Perto do Coração Selvagem havia uma esperança intrínseca...